sábado, 25 de dezembro de 2010

The Age of Cloning

Follow me, humanity
(as if you could get lost)
fake a smile, believe your lie
and then feel free to believe mine

This one-way road leads us
to blinded security
There's no need to be hopeful
'cause everything is fine in here

Believe me, everyone
it is easier this way
Ignorance and lazyness
will take your problems away

With opinions, you'll be judged
There's no place here for you
With my mind controlling powers, I demand:
All the thinkers must be banned

Follow me, fake a smile
believe every single lie
Ladies and gentllemen,
This is the age of cloning.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

And that's why I'm still fighting.

If you try and take a risk, you might get everything, or lose everything. But at least you have two choices.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ele saberá que escrevi este texto.

Posso dizer que tenho vizinhos muito estranhos. Mas há um homem que é das pessoas mais intrigantes que já conheci.

É só mais um senhor casado de cabelos brancos que não vai deixar o cigarro, diz-se. Só que esta definição não me convence.

Do lado de fora de sua casa,é um velho sedentário que diz bom dia aos vizinhos e brinca com o seu cão. Mas sabe-se lá o que acontece atrás da porta... É um mistério para mim.

Apesar disso, nada aparenta ser um mistério para ele. Se me perguntarem quem é Deus, respondo "é o meu vizinho". Ele vê tudo. Nada que aconteça à frente da sua varanda escapa. Ele sabe tudo. Qualquer coisa que aconteça por ali leva antes um aviso: " Tem cuidado!Tudo o que tu fizeres, o nosso vizinho está a ver."

Não estou a exagerar, é mesmo assim que o vejo. Todos os dias, quase de vinte em vinte minutos, ele vai à varanda, acende um cigarro, e, enquanto fuma, não se mexe, não muda a sua expressão facial, e o único som que emite é o da sua tosse constante. Apenas passeia atentamente os olhos pelo jardim à sua frente durante longos e desconfortáveis minutos. Depois vira-se de costas, muito lentamente apaga o cigarro no cinzeiro, observa mais uma vez, com uma cara pesada, o jardim, volta para dentro de casa, e o resto é mistério dele.

É tudo o que sei. Além do facto de não me sentir livre quando estou no jardim.

sábado, 6 de novembro de 2010

Mass.

The Priest read the Bible, and all the sheep, with emotionless faces, said


Amen


Exept for me.
I was lost

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

On The Top

Don't pretend you're not dying to watch us fall from up here.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Chuva


Olho para a janela do meu quarto e ainda vejo as gotas a escorrer. Embora a chuva tenha parado por um instante, a visão que tenho para a rua continua deprimente. A única luz que se vê é a dos postes de iluminação, porque a lua está tapada pelas nuvens, e só de vez em quando é que passa um carro por ali.
Não está muito vento, mas é o suficiente para abanar as árvores à volta da estrada. E não se vê ninguém lá fora.Não que costume haver muita gente, mas às vezes ainda passam uns homens a falar, possivelmente, com a garrafa de cerveja que trazem na mão, ou os na bicicleta, a pedalar o mais rápido que conseguirem para chegar sabe-se lá onde. Mas hoje, as ruas estão vazias, assustadoras, tristes.

Fechei a cortina. Não quero olhar.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010


Watch me, judgers, haters, talkers, anyones. You made of me something I never thought I'd be. Thank you, monkeys, clones, wannabe someones. You make me feel glorious 'cause I'm not like you.

domingo, 5 de setembro de 2010

Teresinha

Era uma vez uma boneca de pano. Cabelos de lã, amarelos. Uma saia azul com um retalho verde. Uma camisola aos quadradinhos brancos e vermelhos. Dois olhos azuis sem qualquer brilho. Um sorriso costurado na cara. Foi dada como prenda de natal a uma menina de oito anos, que vivia num prédio no meio da grande cidade, a Catarina. Essa menina deu à boneca o nome de Teresinha. Catarina e Teresinha eram como melhores amigas. Quando Catarina ia para a escola, punha Teresinha na mochila, e não deixava que nenhuma das suas amigas brincasse. Quando Teresinha estava em casa, sentava-se na mesa da cozinha e servia uma caneca de chá a Teresinha.
Quando Catarina fez dez anos, o seu avô presenteou-a com um telemóvel. Catarina não o largava, mas de vez em quando ainda tomava um chá com a Teresinha. No Natal do mesmo ano, a sua tia ofereceu-lhe um estojo de maquilhagem. Catarina telefonou a todas as suas amigas para irem a casa dela experimentar. Mas, quando não tinha nada para fazer, punha algum batom na boca de Teresinha.
Quando Catarina fez onze anos, a sua mãe ofereceu-lhe um computador. Ela estava viciada, e raramente brincava com Teresinha.
Quando Catarina fez dezasseis anos resolveu fazer uma mudança no quarto; mudar tudo de lugar, pintar as paredes de vermelho, ter um armário novo. Queria pôr a cama ao lado da janela e a secretária ao pé do armário, que iria ficar do lado direito da porta. Começou a empurrar a cama, a empurrar, a empurrar… e a cama não saía do mesmo lugar. Alguma coisa estava debaixo da perna da cama. Catarina viu Teresinha esmagada pela sua cama, com a saia rasgada, o branco da camisola transformado em cinzento, a cara cheia de manchas pretas… e a boca, que antes era um sorriso, com as pontas descosturadas e caídas para baixo.
Catarina deixou Teresinha em cima da cama e foi para a escola. Quando voltou, já Aurora, a empregada, a tinha deitado fora, e nunca mais se ouviu falar da Teresinha.

Porque as aulas estão a começar...

Material escolar:

-Roupa nova

-Cabelo arranjado

- Telemóvel

-Carteira

- Sandes de queijo

-Cola-cau

- Dinheiro para comprar um sunny de laranja

E assim começo o ano lectivo de bom humor (:

sábado, 4 de setembro de 2010

Obsessão

Apercebi-me de que toda a gente acha estranho a minha obsessão por música. Às vezes prefiro estar a ouvir música do que estar com alguém. No carro, em vez de conversar, prefiro ligar a rádio muito alto, ou ouvir música com fones, e cantar. E parece que ninguém percebe como é que eu sei TODAS as músicas que ouço de cor.

Admito, é estranho para quem observa. Mas não o é para mim. Porque, até hoje, não descobri melhor maneira de sonhar acordada do que ouvir música e cantar. E sonhar acordada pode parecer estranho, mas quem já experimentou sabe, é muito bom.

Se apagar as luzes do quarto, puser música a tocar com o volume no máximo e me deitar no chão, sou capaz de ficar assim duas horas sem me aperceber do tempo passar. E o quarto escuro transforma-se num mundo completamente diferente.
Dar uma volta sozinha em lugares desconhecidos, a ouvir a minha música preferida afasta-me dos problemas. Vou andando, observando, descobrindo, e, claro, ouvindo. A música é dona de mim, e eu sou dona daquele pedaço da terra, por instantes.

Quando canto, tenho que cantar alto, para saber que posso fazer-me ouvir. Cantar faz-me pensar no passado, no presente e sobretudo no futuro de forma positiva. Posso cantar durante horas, posso ficar rouca, mas enquanto a minha voz funcionar, é difícil que pare por vontade própria.

Mas, enquanto escrevia os parágrafos anteriores, tive tempo para pensar naquilo que me faz dispensar a música:
Saber que há outro mundo além do meu, que, apesar de estar CHEIO de problemas, pode ser bastante mais divertido do que um quarto escuro ou um passeio sozinha.

sábado, 14 de agosto de 2010

A Sensual e a Alucinada

Inês, e se os brinquedos tiverem vida?

Porque é que não passeamos cães?

As formigas do condomínio não têm b
uço.
Meninas, porque é que não dizemos a verdade umas às outras?
O que são óstias?

MEIA-NOITE?? Que horas são?

Vamos jogar aos teatros?

Maria, olha para o tecto do teu quarto... ESTAMOS NO ESPAÇO!

Se eu sobreviver, nunca mais durmo numa roullote!

ACORDA! Estão a apontar lanternas cá para dentro! Ela não acorda, Maria! ACORDAAA!


Estavam três esquilos em cima de uma árvore...
Quem são as raparigas mais divertidas deste condomínio?
PASS'Ó TETAS, CA******* !!


Olá, eu sou a Alucinada, e só vos queria dizer que gosto muuuu(...)uuuito da Sensual


quinta-feira, 10 de junho de 2010

Mais um texto inútil...

Gosto de ser a mais baixa. A mais nova. Também gosto de ser a mais alta e a mais velha. Gosto quando faço diferente dos outros. Gosto quando tenho ideias que os outros não tiveram. Gosto que os outros tenham óptimas ideias. Gosto de juntar as ideias dos outros com as minhas, e com as de outros. Gosto que falem comigo. Gosto de falar. Gosto de olhar para as pessoas na rua. Gosto que essas pessoas olhem para mim quando estou a fazer alguma coisa decente. Gosto de olhar nos olhos das pessoas que estão a olhar para mim. Gosto que saibam quem sou. Gosto que saibam o meu nome. Gosto que saibam o que faço. Gosto de elogios. Gosto de elogiar. Gosto de ouvir conversas alheias. Gosto que me contem conversas alheias quando não as consegui ouvir. Gosto que me contem segredos. Gosto de saber algo que não devo saber. Gosto de piadas sem piada. Gosto de me rir dessas piadas. E de outras coisas. Gosto de fingir que não estou a ouvir, quando não me apetece ouvir. Gosto de dizer: "Desculpa, não ouvi!". Gosto de ser útil. Mas também gosto de passar tardes sem fazer nada produtivo. Gosto de escrever sobre coisas que não vão resolver os problemas a nível mundial. Gosto de escrever sobre aquilo que gosto... Gosto de falar de mim.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sentimentos

Passou, foi-se, desapareceu. (?) Passou, foi-se embora, talvez... Não, de certeza. Passou, passou.
(agora sem um "?"). Aquele sentimento, forte, grande, poderoso, bom, doloroso, óptimo... não sei, aquele sentimento que eu adorava, odiava, precisava, evitava. Desapareceu, foi substituído. Por um sentimento não tão forte, não tão grande, não tão poderoso, não tão bom, mas igualmente doloroso e óptimo. E adoro-o, odeio-o, preciso, evito, AH!
São, este e o outro, sentimentos, por coisas belas. E, como antes fazia, agora rio-me, choro, observo. De perto, de longe (de perto é melhor). Falo, sorrio, iludo-me, espero, desespero, desiludo-me, esqueço. Lembro-me. Lembro-me de me questionar qual dos sentimentos me faz mais feliz...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O menino loiro

Conheci um menino loiro,
numa terra luminosa
Depois de ter tocado o céu
ou de ter ido ao passado
depois de ter cantado
do frio me ter atacado
Conheci o menino loiro
no meio da diversão

Ele viu-me
vi-o eu
naquela espera feliz
onde não se encontram meninos assim
nunca
O seu chamado trocista fez-me tremer
e rir, pela elegância daquela voz
como a da terra luminosa

Vi o menino loiro
dessa vez
e nunca mais
Agora restam-me estes versos
a solidão
e a culpa
além da alegria de ter conhecido o menino loiro

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Praia

6 horas da manhã, num domingo de Verão. Eu sou a única, por enquanto, a caminhar naquela paisagem. Pouco barulho fazem os meus passos, e quando olho para trás, vejo a prova de que ali estive, até o vento a apagar. Atrás de mim vejo as dunas brancas, à minha frente vejo a imensidão azul. Reparo como ela se abana e se carrega para a minha a direcção, como se me oferecesse um pedaço dela.
Deixo que ela me molhe os pés. Entretanto, ela recua, quase que a ouço a dizer "vem". E vou. Deixo que ela me cubra e que me refresque, que não me deixe sair.
Ela deixa-me deslizar sobre ela, acompanha-me, aliás.
Quando o tempo e o cansaço me obrigam a sair da imensidão azul, já se vêem outras pegadas, outras pessoas. Aquela beleza de antes voltará às 6 horas do dia seguinte.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tristeza.

A tristeza é fria, escura, vazia, fechada, e apertada. Tenho medo dela, sei quando ela vem, por isso evito-a. Muitas vezes consigo fugir-lhe, então vou sendo feliz.
Como as minhas tristezas não foram muitas, lembro-me de quase todas, e essa é a pior parte. Gostava de poder esquecer.
Da última vez que a tristeza me apanhou, foi inesperadamente. Primeiro fiquei irritada, como se ardesse. E nervosa, disse coisas que não devia. E depois já não ardia, fiquei fria e vazia porque estava triste. Enquanto chorava a caminho de casa, deixei de ver as coisas, como se estivesse dentro de uma sala escura. E por onde passava tinha que ouvir as pessoas a perguntar se estava bem, como se não fosse nada óbvio. Era sufocante.
Mas a razão dessa tristeza foi algo que se apagou facilmente. Não precisei mais que um pouco de água. E voltei a sorrir.

A tristeza é fria, escura, vazia, fechada, apertada e dói muito. Mas não é eterna.





Para a Mariana, ela é parte da minha felicidade.

Eu e a Zenguita




O meu nome é Maria. Adoro falar, falar alto para que todos me ouçam. Gosto de dar a minha opinião sobre variados temas, mesmo aqueles que não domino.Apesar de gostar da minha privacidade, uma hora ou duas a ouvir a minha música sem que ninguém me incomode, sou feliz quando estou rodeada de pessoas. Adoro festas. Falo com quem me apetecer falar mesmo que não conheça o individuo. Passo a conhecer, ora!
Gosto de cantar e gritar no meio da rua e não me importo que olhem para mim quando o fizer.
90% por cento das pessoas que conheço sabem disso, vêem isso claramente.
Em relação aos outros 10%, compreendo que me achem tímida e calada, talvez até um pouco anti-social, porque é isso que eles vêem. Mas eu já cheguei à conclusão de que eles não me conhecem, conhecem a Zenguita. Ela é que fala pouco, é tímida, só conhece as pessoas às quais é apresentada e só fala se alguém disser alguma coisa primeiro. Mas ela odeia que lho digam.
A Zenguita admira-me. Quer ser igual a mim, já me disse isso vezes sem conta. E ambas sabemos que ela vai ser,
Mas até isso acontecer, recomendo àqueles 10% que leiam isto.

domingo, 25 de abril de 2010

Ele


Encontrei este texto por acaso.Escrevi-o há 3 anos, mas corrigi agora algumas coisas:

Ele tinha Os lábios mais secos que as folhas que caem no Outono, a pele branca e delicada como um floco de neve e os olhos tristes como um dia cinzento. Caminhava sozinho na noite, tão vazia como a sua casa escura, onde só Ele morava.
Assim andava, acompanhado pela tristeza. Os seus passos eram silenciosos mas ecoavam no seu coração vazio.
Ele sentou-se na areia da praia, e,enquanto olhava a lua, perdeu-se nos seus pensamentos.
Então caminhou até à beira do mar. A água fria tocou-lhe nos pés, enchendo o coração que antes era vazio e iluminando a pele branca. Nessa noite, Ele sorriu pela primeira vez.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Vozes no silêncio

Eu estava sozinha, mesmo como se fosse realmente sozinha. Estava sentada num muro a ouvir o silêncio. Na casa à minha frente podia ver um homem na cozinha. Ele olhava para baixo, portanto não me viu. A certa altura, saiu de casa para limpar qualquer coisa.

"Se ele me vê aqui, vai achar que não tenho amigos ou algo assim"

Mas ele nem olhou para mim. Pareceu erradamente que não reparara em mim porque era insignificante. Mas não pensei mais, virei cara para outro lado.
Os meus olhos atravessaram a rua vazia, o terreno baldio, a plantação e chegaram, finalmente, ao limite: As casas ao longe. Algumas com as luzes acesas, e outras abandonadas.
Deixei os olhos pousados sobre essas casas, mas na verdade não estava a olhar para elas. Era como se tivesse os olhos fechados.
Enquanto isso, comecei a ouvir uma voz vinda daí. Era uma criança que gritava "NÃO!" e chorava muito alto. E uma segunda voz gritou com ela.
Voltei logo a ver onde tinha os olhos e a prestar atenção aos sons.
E depois voltou o silêncio. Fiquei a olhar uma das casas abandonadas, pensando apenas que não quereria morar perto dela.
Passou tudo muito rápido, poderia até chamar-lhe um sonho. Excepto pelo facto de que quando voltei a mim, o mesmo homem estava na cozinha, as mesmas casas se viam por trás da plantação, e eu continuava sozinha em cima do muro.

terça-feira, 30 de março de 2010

Ergiti Amor



Mais uma audição do Conservatório Nacional, onde canto "Ergiti Amor" de A.Scarlatti

segunda-feira, 22 de março de 2010

Lentamente


Lentamente nos formamos humanos e rapidamente aparecemos no mundo. Rapidamente fazemos o primeiro som, lentamente damos o primeiro passo. Rapidamente aprendemos a errar e lentamente ganhamos coragem de mostrar arrependimento. Rapidamente temos curiosidade mas a atitude de descobrir só vem mais tarde.
Lentamente observamos como a vida passa depressa e por um instante nos esquecemos que não podemos ficar para trás.
Lentamente preparamos um futuro e uma vida, ou lentamente deixamos que os dias passem e ficamos presos no pesadelo de uma vida nada especial, onde lentamente sofremos por cada minuto desperdiçado.
Lentamente, desde de que existimos, vamos morrendo, enquanto o mundo continua o seu ritmo. Lentamente fechamos os olhos e respiramos fundo a última vez, lentamente perdemos a consciência, e lentamente toda essa vida se resume a algo que foi em vão.
Mas até lá corremos, porque se rapidamente fecharmos os olhos, quando os abrirmos, já perdemos tudo.

sábado, 20 de março de 2010

Uma pausa para pensar...

Quando acordei, abri a janela e olhei para o céu. Estava azul e uma bola amarela chamada sol brilhava muito. Estava tudo tão bonito que resolvi sentar-me numa cadeira no jardim e ficar a olhar para cima. Não havia nuvens. Então fiquei lá a olhar a beleza durante algum tempo, até que surgiu uma pergunta na minha cabeça: Por que é que o céu é azul?
Pensei durante um bocado na pergunta, mas não havia maneira de responder. Olhei mais fixamente para o céu com uma cara de ignorante que não conseguia desfazer de maneira nenhuma, até olhar para o relógio. Tinha ficado a olhar para o céu durante quase uma hora! Era altura de fazer outras coisas.
Então levantei-me da cadeira e estava a sair do quintal quando pensei no tempo. Para que serve? Será que a vida poderia ser vivida se nós fizéssemos as coisas às horas que nos apetecesse? Quero dizer, às horas não, porque elas não existiriam.
Talvez fosse um pouco confuso, para a vida que as pessoas levam hoje em dia… Mas antes de se inventarem as horas as pessoas organizavam-se na mesma.
A minha cabeça já estava maluca por isso achei que ir até à praia me ajudasse um pouco. Fui molhar os pés e tive uma sensação de alegria que só tinha mesmo quando molhava os pés com água salgada. E pequenas ondinhas me molhavam até aos joelhos. Mas isso era só na beirinha da água. Lá no fundo, as ondas grandes quebravam fortemente, e eu sentia-me bem a ver aquilo. Mas só depois pensei: “ Porquê estas ondas todas? Porquê elas existem?” E fiquei a pensar nisso durante um bom tempo, entretanto as pequenas ondas continuavam a molhar-me os joelhos, o que me deixava ainda mais confusa... Achei melhor voltar para casa e trancar-me num quarto sem olhar para nada. E foi o que fiz.
Tranquei-me no meu quarto e tapei os olhos com as mãos. Mas passado minutos fartei-me daquilo. Levantei-me e saí do quarto a correr. Qual era a graça de ficar presa num quarto com as mãos nos olhos, à espera de resolver algum problema?
E graça fez com que eu me lembrasse de uma pergunta: “ Porquê nos rimos e choramos? Que coisa tão esquisita! Quando estamos tristes deitamos água dos olhos e quando estamos felizes soltamos um som esquisito e fazemos caras estranhas...”
Abanei a cabeça. Estava tudo tão esquisito nesse dia...
Fui dar uma volta por aí, para ver se me refrescavam as ideias. Por volta da hora do almoço, todas as raparigas estavam a entrar nos restaurantes com os seus namorados. Na verdade,também eu estava apaixonada.
Mas, outra vez, para estragar tudo, veio-me outra pergunta à cabeça: “Porque nos apaixonamos? Quero dizer, sentimo-nos estranhos ao pé de uma pessoa e depois andamos de mãos dadas e a dar beijos...”
E depois juntei todos estes pensamentos e percebi que o objectivo da vida é mesmo não perceber nada. Não haveria nada de especial na vida se o céu não tivesse cor,se as horas não existissem, se o mar não tivesse ondas, se nós não achássemos graça a nada e não tivéssemos momentos tristes e, principalmente, se não amássemos.



Sou feliz se estiver perto de quem amo. Que me interessa a razão?

domingo, 31 de janeiro de 2010

Textos Maravilhosamente feios

Escrevi este texto há alguns meses... Espero que gostem!

A Deolinda tinha um problema de queda de cabelo. Por isso teve que cortar os seus cabelos muito compridos que não passavam das orelhas. Triste com a vida, Deolinda foi toda contente para casa da sua melhor amiga Gervásia. Elas odiavam-se. Deu centenas de três batidas na enorme porta pequena feita de pau férreo e o som da campainha ouviu-se em todo o lado. Gervásia, com um ar de sono, abriu cheia de energia a porta aberta para Deolinda entrar. Deolinda chorava sem lágrimas no ombro do cotovelo da amiga. Esta deu-lhe montes de poucos conselhos prestáveis e idiotas. Satisfeita e com impressão de que algo faltava, Deolinda levantou-se em pé da cadeira onde não estava sentada e saiu da grande casa minúscula de Gervásia.

A pobre careca de cabelos negros tinha apenas uma preocupação entre muitas: O seu namorado. Ele era um homem tão esquelético que parecia um lutador de sumo, media 1,90m de pequenez e tinha uma beleza exageradamente feia. Deolinda tinha medo que ele não gostasse do seu novo cabelo, mas estava confiante.

Vestiu o seu mais bonito vestido roxo amarelado, que era horrível. Maquilhou-se com a maquilhagem mais cara que comprou na feira a dois euros. Pôs uns sapatos com um salto muitíssimo alto que a faziam ficar mais pequena. Por fim, sem acabar, mandou uma mensagem ao namorado: “Vem tr cmg ao park das rosas daki a 1h. PS: s n tivers la daki a 10min ta tdo acbdo entre nox!”Deolinda quis marcar o encontro no parque das rosas porque não tinha qualquer tipo de flor, e ela tinha uma alergia ao pólen que a fazia sentir –se bem...mal.Depois de uma eternidade, passado pouco tempo, o rapaz chegou. Deolinda fez um pequeno sorriso até às orelhas e perguntou se ele achava que ela estava bonita.

O rapaz sorriu-lhe sériamente e respondeu: “Tu estás linda, Didi, o teu cabelo é que não está lá muito bem”. E insultou-a com os piores elogios. Deolinda ficou nervosa e foi-se embora calmamente. As lágrimas secas rolavam pela branquidão do seu rosto moreno enquanto ela corria apressadamente muito devagar. Ao passar em frente a uma florista que vendia roupas em segunda mão, foi contra um homem que tinha acabado de comprar uma tulipa de mangas curtas. Estatelaram-se os dois, em pé, caídos no chão. O homem esfolou o joelho e o sangue pisado jorrava da ferida sem parar.

A vendedora que estava a fazer umas compras saiu da loja para ajudar a Deolinda e o homem. Deolinda pediu obrigada à vendedora e disse desculpas ao homem da tulipa de mangas curtas e continuou a correr para a casa dos pais. Entrou lá fora e viu o pai sentado num sofá de vidro a ver televisão desligada. Foi até à cozinha, onde a elegante mãe gorda cortava tomates vindos directamente dos arrozais da avó Alice. Deolinda explicou tudo à mãe.

Ouviu montes de frases que as nossas mães filhas do mesmo pai costumam dizer: “Esse rapaz maravilhoso não é para ti! Eu avisei-te, antes de nasceres, que devias ter cuidado com essas coisas.”

À noite, mais ou menos à uma hora da tarde, Deolinda foi comprar uma peruca castanha e passou a usá-la todos os dias e todas as horas, sem nunca tê-la na cabeça. Acabou com o namorado, sugerindo um novo começo, e nunca mais teve que se preocupar com a sua vida preocupante.


sábado, 23 de janeiro de 2010

Wiegenlied- Maria Kopke

Olá! Quero partilhar com vocês este vídeo onde canto a música "Wiegenlied" de Franz Schubert