terça-feira, 30 de março de 2010

Ergiti Amor



Mais uma audição do Conservatório Nacional, onde canto "Ergiti Amor" de A.Scarlatti

segunda-feira, 22 de março de 2010

Lentamente


Lentamente nos formamos humanos e rapidamente aparecemos no mundo. Rapidamente fazemos o primeiro som, lentamente damos o primeiro passo. Rapidamente aprendemos a errar e lentamente ganhamos coragem de mostrar arrependimento. Rapidamente temos curiosidade mas a atitude de descobrir só vem mais tarde.
Lentamente observamos como a vida passa depressa e por um instante nos esquecemos que não podemos ficar para trás.
Lentamente preparamos um futuro e uma vida, ou lentamente deixamos que os dias passem e ficamos presos no pesadelo de uma vida nada especial, onde lentamente sofremos por cada minuto desperdiçado.
Lentamente, desde de que existimos, vamos morrendo, enquanto o mundo continua o seu ritmo. Lentamente fechamos os olhos e respiramos fundo a última vez, lentamente perdemos a consciência, e lentamente toda essa vida se resume a algo que foi em vão.
Mas até lá corremos, porque se rapidamente fecharmos os olhos, quando os abrirmos, já perdemos tudo.

sábado, 20 de março de 2010

Uma pausa para pensar...

Quando acordei, abri a janela e olhei para o céu. Estava azul e uma bola amarela chamada sol brilhava muito. Estava tudo tão bonito que resolvi sentar-me numa cadeira no jardim e ficar a olhar para cima. Não havia nuvens. Então fiquei lá a olhar a beleza durante algum tempo, até que surgiu uma pergunta na minha cabeça: Por que é que o céu é azul?
Pensei durante um bocado na pergunta, mas não havia maneira de responder. Olhei mais fixamente para o céu com uma cara de ignorante que não conseguia desfazer de maneira nenhuma, até olhar para o relógio. Tinha ficado a olhar para o céu durante quase uma hora! Era altura de fazer outras coisas.
Então levantei-me da cadeira e estava a sair do quintal quando pensei no tempo. Para que serve? Será que a vida poderia ser vivida se nós fizéssemos as coisas às horas que nos apetecesse? Quero dizer, às horas não, porque elas não existiriam.
Talvez fosse um pouco confuso, para a vida que as pessoas levam hoje em dia… Mas antes de se inventarem as horas as pessoas organizavam-se na mesma.
A minha cabeça já estava maluca por isso achei que ir até à praia me ajudasse um pouco. Fui molhar os pés e tive uma sensação de alegria que só tinha mesmo quando molhava os pés com água salgada. E pequenas ondinhas me molhavam até aos joelhos. Mas isso era só na beirinha da água. Lá no fundo, as ondas grandes quebravam fortemente, e eu sentia-me bem a ver aquilo. Mas só depois pensei: “ Porquê estas ondas todas? Porquê elas existem?” E fiquei a pensar nisso durante um bom tempo, entretanto as pequenas ondas continuavam a molhar-me os joelhos, o que me deixava ainda mais confusa... Achei melhor voltar para casa e trancar-me num quarto sem olhar para nada. E foi o que fiz.
Tranquei-me no meu quarto e tapei os olhos com as mãos. Mas passado minutos fartei-me daquilo. Levantei-me e saí do quarto a correr. Qual era a graça de ficar presa num quarto com as mãos nos olhos, à espera de resolver algum problema?
E graça fez com que eu me lembrasse de uma pergunta: “ Porquê nos rimos e choramos? Que coisa tão esquisita! Quando estamos tristes deitamos água dos olhos e quando estamos felizes soltamos um som esquisito e fazemos caras estranhas...”
Abanei a cabeça. Estava tudo tão esquisito nesse dia...
Fui dar uma volta por aí, para ver se me refrescavam as ideias. Por volta da hora do almoço, todas as raparigas estavam a entrar nos restaurantes com os seus namorados. Na verdade,também eu estava apaixonada.
Mas, outra vez, para estragar tudo, veio-me outra pergunta à cabeça: “Porque nos apaixonamos? Quero dizer, sentimo-nos estranhos ao pé de uma pessoa e depois andamos de mãos dadas e a dar beijos...”
E depois juntei todos estes pensamentos e percebi que o objectivo da vida é mesmo não perceber nada. Não haveria nada de especial na vida se o céu não tivesse cor,se as horas não existissem, se o mar não tivesse ondas, se nós não achássemos graça a nada e não tivéssemos momentos tristes e, principalmente, se não amássemos.



Sou feliz se estiver perto de quem amo. Que me interessa a razão?